Dividendos mensais: qual banco se destaca — Itaú, Bradesco ou Banestes?
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Para quem busca uma renda passiva constante com ações, três nomes se destacam pela regularidade: Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4) e Banestes (BEES4). Independentemente das oscilações do mercado, esses bancos são presença garantida no calendário de dividendos, com pagamentos mensais que agradam especialmente os investidores de perfil mais conservador.
Mas, apesar da semelhança na frequência de distribuição, existem diferenças significativas entre eles. Analisando os fundamentos e estratégias de cada um, especialistas apontam o Itaú como o destaque dessa disputa, principalmente pela solidez e consistência nos resultados ao longo do tempo.
Itaú: liderança em fundamentos e inovação
Considerado referência quando o assunto é solidez financeira, o Itaú possui uma política de dividendos que prevê a distribuição mínima de 25% do lucro líquido. No entanto, seu histórico recente mostra uma generosidade ainda maior: entre 28% e 98% do lucro foi destinado a proventos nos últimos cinco anos, segundo dados da plataforma Comdinheiro.
A forma mais comum de remuneração utilizada pelo banco é o pagamento de juros sobre capital próprio (JCP), com retenção de 15% de Imposto de Renda na fonte. Atualmente, o valor bruto por ação é de R$ 0,01765, o que representa um valor líquido de R$ 0,015 por papel. Os pagamentos ocorrem de forma regular ao longo do ano, com datas já previamente estabelecidas.
Além disso, o banco costuma distribuir dividendos complementares semestrais, que, embora não estejam garantidos, funcionam como um “bônus” adicional dependendo do desempenho da instituição no período.
Mesmo que o payout aumente, os valores mensais pagos aos acionistas permanecem constantes. O excedente de lucro, quando há, é direcionado justamente para os dividendos extraordinários. De acordo com Felipe Paletta, analista da Monett, o Itaú já chegou a distribuir mais de 70% do lucro em anos anteriores — como em 2018, 2019 e 2020. Com os impactos da pandemia e do cenário econômico mais desafiador, esse percentual recuou, mas deve se manter por volta de 30% em 2023.
Outro ponto forte da estratégia do banco é o programa de recompra de ações. Essa prática reduz o número de papéis em circulação, aumentando o lucro por ação e, por consequência, os dividendos recebidos pelos acionistas — mesmo sem mudanças no lucro total.
Inovação e crescimento controlado
Além dos fundamentos financeiros sólidos, o Itaú é constantemente elogiado pela sua postura ativa frente às mudanças do mercado. O banco vem investindo pesado em tecnologia, novos serviços e melhorias na experiência dos clientes. Quando as fintechs começaram a ganhar espaço, o Itaú reagiu rápido, com iniciativas que reforçaram sua competitividade. Para Paletta, esse dinamismo é um dos principais fatores que sustentam o bom desempenho das ações ao longo dos anos.
Mesmo sendo negociadas com múltiplos superiores aos concorrentes, as ações do Itaú ainda apresentam espaço para valorização, segundo analistas. O indicador Preço/Lucro (P/L) do banco está abaixo de 9, quando historicamente já foi negociado acima de 10. Já o indicador Preço/Valor Patrimonial (P/VP) está em torno de 1,6 — sendo que, antes da pandemia, esse número já passou de 1,8.
A carteira de crédito diversificada também é um diferencial relevante. O Itaú atua tanto com clientes pessoa física (em produtos como cartão de crédito, crédito pessoal, consignado, financiamento imobiliário e veículos), quanto com empresas (capital de giro, financiamento à exportação/importação e crédito agrícola). Essa diversificação foi essencial para o banco atravessar bem períodos turbulentos, como ocorreu no quarto trimestre de 2022.
Mesmo com a necessidade de provisionar 100% da sua exposição à empresa Americanas, o Itaú manteve bons resultados e passou uma imagem positiva ao mercado, demonstrando transparência e preparo para crescer de forma sustentável em 2023.
O lucro recorrente gerencial no quarto trimestre de 2022 foi de R$ 7,668 bilhões, e o acumulado do ano atingiu R$ 30,786 bilhões. A expectativa do mercado era de R$ 8,239 bilhões para o trimestre, mas, segundo analistas, não fosse a provisão extraordinária, o lucro teria ultrapassado os R$ 8,4 bilhões. A carteira de crédito do banco cresceu 2,7% em relação ao trimestre anterior, atingindo R$ 1,141 trilhão. O segmento de pessoa física avançou 3,7%, enquanto o de pessoa jurídica teve crescimento de 0,4%.
Para o analista Guilherme Tiglia, da Nord Research, o Itaú tem conseguido controlar melhor do que seus concorrentes o risco de inadimplência, o que reforça sua posição como uma escolha sólida para quem busca renda passiva com dividendos mensais.